terça-feira, 23 de novembro de 2010

UM LUGAR...



Velha cabana esquecida, coberta pelos chircais, onde sol não entra mais pra levar luz à escuridão.
Pela manhã há seresta de pássaros no parapeito, borboletas, beija-flores, tudo é lindo e perfeito, rememora os velhos tempos quando teus donos vivían sob teu techo de palha. Não sei quem morou aqui, não conheço a tua história, mas tú conheces a minha.
Viste chuva, tempestades...primaveras, muito inverno aqueceste dentro das tuas paredes; a lareira grande de pedra e os troncos de guajuvira.
Hoje só restam lembranças...do tempo bom do passado. Talvez tu tenhas mudado ou talvez o mundo mudou, não se vê mais algazarra de crianças no quintal, nem grito de bem-te-vi...
Somente à noite se ouve o grilo a tritrilar, parecendo a lamentar a triste sina essa tua, como a minha...
Paredes velhas, gastadas pela fome dos cupins, mas nem sempre foi assim, já tiveste formosura como uma jovem acacia em flor, alçada pelo sereno procurando luz e calor...
Assim mesmo é o fim de todos, árvores gente ou abrigo, até parece castigo neste mundo de ilusão, por isso que venho aqui, quando quero meditar, me meter dentro de mim...
Quero rir, quero chorar e só tu me compreendes.
Nos meus momentos de raiva, de dor, de indignação ou até mesmo de tristeza, aqui contemplo a natureza e rezo com inspiração.
Tu me acolhes em teus braços e aqui me sinto segura como criança medrosa querendo colo materno. Tú tens o cheiro mais terno que preciso pra viver e pra não enlouquecer antes que o tempo acabe, pois tu houves meus lamentos sempre que perco o caminho e me ensina a caminhar na senda do pensamento, mesmo com passo lento eu me despeço de ti, mais uma vez vou partir levando no coração teus conselhos, teu silêncio, tua paz, teu perfume, que só assim me refaço para um novo embate que a vida a gente combate deixando pra tras as migalhas e abrindo o peito ao vento...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

IMAGO VERBUM


(A incrível arte de Salvador Dali)

Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.